14 outubro, 2016

Entrevista com Patrícia Franco - Autora de: O PEIXINHO POLAR

Sou Doutora em Ciências da Saúde, instrutora de meditação e estudo Pedagogia. Trabalho com educação há mais de 15 anos. Amo literatura e sempre sonhei ser escritora. Com 10 anos ganhei uma máquina de escrever dos meus pais comecei a inventar histórias. Acredito que podemos mudar o rumo da nossa vida,é só querer. Interpretar vários personagens, fazer coisas diferentes, desistir de algumas e começar ou recomeçar outras, sem drama! Cada segundo é um milagre, aproveite!


Quem está observando Polar? Será que você consegue responder as perguntas filosóficas que surgem no livro? 
Mergulhe na história desse peixinho encantador e tente descobrir as diferenças e semelhanças entre o seu mundo e o mundo dele.
Polar é mesmo um peixinho diferente.... Ou não!







Olá Patrícia. É um prazer contar com a sua participação no Blog Divulgando Livros e Autores da Scortecci do Portal do Escritor.

Do que trata o seu Livro? Como surgiu a ideia de escrevê-lo e qual o público que se destina sua obra?
É um livro infantil que trata de um assunto mu ito profundo: a habilidade da autopercepção, da auto-observação e do autoconhecimento. Estas são habilidades fundamentais para sermos emocionalmente saudáveis, entretanto não fomos ensinados a praticá-las e, justamente por isso, não ensinamos nossas crianças, perpetuando um ciclo de analfabetismo emocional.
Nosso mundo interno pode limitar ou ampliar o que vemos externamente.
Na história, uma criança que observa um peixinho que vive sozinho em um pequeno aquário, levanta questões filosóficas sobre os referenciais externos das coisas e sobre como lidar internamente com estas aparências que não são sólidas, são apenas conceituais.
A ideia surgiu a partir da minha experiência como mãe, educadora e instrutora de “Mindfulness” (técnica de desenvolvimento de atenção plena) para adultos e crianças. Fiz meu Doutorado em Ciências da Saúde e, atuando como pesquisadora e professora por 15 anos, percebi que ensinamos nossos alunos a observar tudo o que há “fora”, sem nunca olharmos com interesse científico para o que acontece “dentro” de nossas próprias mentes. São dois mundos diferentes que estão intimamente ligados e dependentes um do outro. Quando cheguei neste ponto, resolvi mudar meu foco e, há algum tempo, venho me dedicando ao estudo das habilidades socioemocionais e de ferramentas para desenvolvê-las, especialmente em crianças e adolescentes.
Este livro é destinado ao público infantil, desde a idade pré-escolar até o ensino fundamental I. As crianças menores podem se beneficiar da contação de história e da exploração dos conceitos de forma mais superficial, feita pelo professor ou pelos pais, já os pequenos leitores iniciantes e os fluentes podem tentar responder para si mesmos as perguntas que surgem no livro, que funcionam como um exercício provocativo da autorreflexão.

Fale de você e de seus projetos no mundo das letras. É o primeiro livro de muitos ou apenas o sonho realizado de plantar uma árvore, ter um filho e escrever um Livro?
Desde os 10 anos de idade sonhava ser escritora. Ganhei uma máquina de escrever Olivetti portátil dos meus pais e passava horas inventando histórias. Cresci, tomei outros rumos, mas sempre escrevi. Publiquei vários textos científicos e acadêmicos no Brasil e no exterior, mas o desejo de escrever para crianças e adolescentes nunca morreu. No ano passado apresentei um projeto de um livro interativo infanto-juvenil para uma editora e ele foi aprovado. Fechei contrato para uma série de 4 livros chamada “Inspira, expira e não pira” e o primeiro livro da série, o “Inspira, expira e não pira, garota!” foi publicado em novembro de 2015, com uma tiragem inicial de 500 exemplares. O próximo livro da série, previsto para maio de 2017 é o “Inspira, expira e não pira, mãe!”. Pela mesma editora, estou lançando este mês o livro “Tranquilizando a sala de aula: como criar um ambiente educacional mais produtivo, pacífico e feliz”, título dedicado aos educadores. Este livro é baseado no Programa de Educação Compassiva que desenvolvi em conjunto com outra educadora.
Neste momento, além dos livros da série, estou finalizando meu primeiro romance de fantasia infanto-juvenil, ainda sem editora. Todos os meus títulos, assim como “O Peixinho Polar” tem como base o trabalho com as habilidades de autopercepção, auto-observação e autoconhecimento, o que muda é a linguagem que utilizo em cada um deles para conseguir penetrar melhor no mundo particular do público a que se destina.

O que você acha da vida de escritor em um Brasil com poucos leitores e onde a leitura é pouco valorizada?
Não acredito na prática queixosa e sim na prática do olhar que vê oportunidades em todas as situações. Acho que os meios digitais, por exemplo, podem ser ótimas oportunidades para fomentar o gosto pela leitura. No meu livro “Inspira, expira e não pira, garota!” os textos são curtos (para atrair aqueles que não tem o hábito de ler), mas provocativos e junto com os textos adicionei interatividade, espaços no livro onde a leitora pode exercitar a escrita, desenhos para colorir, atividades manuais para executar e criei um site com conteúdos extras, que possibilitam a ampliação do gosto pela leitura através do mundo digital, que é a realidade desta geração. O livro tem página no Facebook e perfil no Instagram, onde as meninas podem interagir e criar uma rede de diálogo elevado e produtivo. Acredito que as crianças aprendem a gostar daquilo que lhes é oferecido. Se oferecermos livros, elas vão criar o gosto pela leitura, não importa se é um livro físico ou um livro digital. Como educadora e aprendiz de escritora, procuro desenvolver meu trabalho não com objetivo comercial, mas sim com a motivação de oferecer conteúdos que acredito serem transformadores.
Se queremos um país com mais leitores e com mais valorização da leitura, precisamos arregaçar as mangas e fazer a nossa parte. Os autores precisam ir até as escolas, conversar com as crianças e ajudar a educar as novas gerações para a leitura. Se um dia alcançar a honra de viver da literatura será maravilhoso, mas este não pode ser o objetivo fim e sim o meio.

Como você ficou sabendo e chegou até a Scortecci Editora?
Minha primeira editora não publica livros infantis e eu queria muito dar nascimento ao Polar porque acredito que ele pode tocar o coração e a mente de muitas crianças. Comecei a buscar na internet concursos de literatura infantil para inscrever o original e a Scortecci era parceira em um destes concursos. Entrei no site da editora e vi que a Maria Esther M. Perfetti era a editora-chefe do selo Pingo de Letra. Como eu já conhecia o trabalho dela de longa data houve uma conexão e eu senti que o Polar tinha que nascer por ali. Optei por retirá-lo do concurso e entrei em contato com a editora para publicá-lo. Sinto que fiz a escolha certa.

O seu livro merece ser lido? Por quê? Alguma mensagem especial para seus leitores?
Todo livro que foi feito com amor e com a motivação correta merece ser lido e com o meu livro não foi diferente. Nenhuma obra agrada a todos, obviamente meu livro irá agradar a uns e a outros não. O objetivo do escritor não deve ser tornar-se uma “unanimidade” e nem tampouco agradar ao leitor, isso é ego. Acredito que o real objetivo de quem escreve deve ser transmitir o seu ponto de vista de forma verdadeira e oferecer uma paisagem diferente, positiva e provocativa para quem lê, acrescentando algo ao mundo do outro, oferecendo ao leitor uma oportunidade de florescimento pessoal. A forma como o outro vai aproveitar aquilo só depende dele.
Ainda que o leitor não se agrade ou discorde, se o meu texto conseguiu ampliar seu olhar de alguma maneira, eu já considero isto uma forma de sucesso. A escrita deve ter esta função de “chacoalhar o outro” de tirá-lo da sua bolha particular. Bom ou ruim, interessante ou chato, são referenciais muito amplos e variam de acordo com cada público. Esses referenciais não devem aprisionar quem escreve.
A mensagem que eu gostaria de deixar é: não aceite passivamente o que você lê. Leia e observe como se sente com o que leu, observe o que aquelas palavras, aquela história, provoca em você. Tente dar vida ao que leu de alguma forma e veja se faz sentido. Guarde no seu coração o que for realmente significativo e simplesmente deixe ir aquilo que não se encaixa no seu mundo ou aquilo que não serve para você.
Tudo tem o seu tempo e a sua hora.

Obrigado pela sua participação.

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